domingo, 30 de maio de 2010

A África Subsariana

"Não lhe dês o peixe. Dá-lhe a cana e ensina-o a pescar." Após um pequeno debate em aula chegámos a esta conclusão. Em vez de ensinar os países menos desenvolvidos a sobreviverem, estamos a fornecer-lhes aquilo de que precisam e a explorá-los. Esses países tornam-se palcos de miséria, como é o caso da África, o "continente de todos os males". Este continente tem sido atormentado pela fome, pelas epidemias, por ódios étnicos e ditaduras ferozes. Tudo se transforma num ciclo vicioso de corrupção e pobreza do qual é muito difícil sair. Enquanto isto, os países ricos continuam na sua rotina desprevenida de deitar fora excedentes, extrair recursos do sub-solo, importar petróleo, tabaco e produtos manufacturados, sem olhar a quem é escravo deste injusto sistema.


Fig.2 - Caricatura: "Não, não nos dêem dinheiro... Ensinem-nos a ser ricos."

África é um continente rico em minerais, ouro, diamantes e petróleo e tem, no entanto, um PIB global pouco superior ao da Bélgica. Desde sempre muito débeis, as condições de existência dos Africanos degradaram-se pela combinação de um conjunto complexo de factores, dos quais se destacam:
  • o crescimento acelerado da população, que abafa as pequenas melhorias da escolaridade e nos cuidados de saúde, por exemplo, aumentando a dependência do estrangeiro em alimentos e bens manufacturados;

Fig.3 - Desenho de mulheres africanas.

  • a deterioração do valor dos produtos africanos. O progressivo decréscimo dos preços das matérias-primas reduziu a entrada de divisas e tornou ainda mais pesada a disparidade entre as importações e as exportações;

Fig.4 - Caricatura: "13 milhões de refeições foram deitadas fora porque a FEMA deixou de ter espaço para armazená-las."

  • as enormes dívidas externas dos Estados africanos. A obtenção de empréstimos junto das potências ocidentais e dos seus organismos (FMI, Banco Mundial) originou um círculo vicioso de juros e novos empréstimos que consome uma parte elevada do rendimento nacional;


Fig.5 - Conflitos armados em África.




  • a dificuldade em canalizar investimentos externos e a diminuição das ajudas internacionais. Com o fim da Guerra Fria, as nações desenvolvidas perderam o interesse em aliciar os países africanos. Os programas de ajuda diminuíram, em parte sob o pretexto de que os fundos eram desviados para a compra de armas e para as contas particulares de governantes corruptos.

Fig.6 - Criança africana.

Eles continuam à espera...

sábado, 29 de maio de 2010

Uma aventura em Macau

Não tenho escrito nada aqui, no blog, porque estava à espera de um documento que acho interessante colocar aqui. Esse documento chegou hoje; trata-se de uma entrevista que fiz a uma amiga dos meus pais que viveu em Macau durante o período de administração portuguesa lá. Espero que dê aos leitores uma melhor perspectiva de como se vivia naquele país por essa altura e que imaginem a vida desta senhora no outro lado do mundo!
(Nota: a entrevista permanecerá anónima por respeito á entrevistada e à sua família).
Entrevista
1- Quando e durante quanto tempo viveu em Macau?
R: Vivi em Macau desde Setembro de 1992 a Março de 1993.
2- O que a fez mudar para Macau?
R: O marido teve uma comissão de serviço, eu pedi um ano de licença sem vencimento, juntámos o filhote João com 4 anos e partimos à aventura!
3- Gostou de lá morar?
R: Muito. Foi uma mudança radical. Morámos 15 dias no Hotel Royal, depois mudámos para uma casa com uma vista linda oara o reservatório de água potável, tipo um grande lago, junto ao rio das Pérolas.
4- Habituou-se depressa ao país?
R: Sim. Após 15 dias estava a trabalhar, a ensinar na Escola Portuguesa, o filhote no infantário e o marido a trabalhar na Companhia Electricidade de Macau, todos a conviver com portugueses, macaenses, chineses e outros. Reencontrámos um primo, uma colega de faculdade e fizemos amigos que ainda hoje conservamos.
5- Sabia falar chinês?
R: Sei contar até 20! E dizer duas ou três frases. Falávamos português ou inglês. Chinês só por gestos!
6- (Se não) Era difícil andar na rua sem saber falar a língua?
R: Não. Existiam locais (a escola, o infantário, alguns restaurantes, cafés, livrarias, discotecas, hospital, algumas lojas, insituições públicas, locais históricos - mais os muses) onde só se falava português, nos restantes locais (tipo supermercado, autocarro, muitas lojas, mercados, templos e jardins) falava-se chinês "gestual" misturado com inglês e por aí...
7- Os seus filhos andavam em escolas portuguesas?
R: Sim, o ensino era português, mas frequentado por meninos macaenses (filhos de portugueses e chineses), portugueses e alguns "chineses de Macau", filhos de chineses a estudar em Macau, em português.
8- (Sem sim) E gostavam?
R: Sim. Tinha 4 anos e fez lá 5 anos com uma grande festa luso-chinesa. Ou seja, com o Monstro das Bolachas, o Egas, o Becas (Rua Sésamo) e danças de dragões e leões! Só não gostava de algumas sopas!
9- O que mais gostou da sua permanência em Macau?
R: As diferenças! Os diferentes hábitos, cheiros, cores, sabores, sons e fisionomias. Da vegetação, do mar, do céu, da Lua, das pessoas, dos edifícios, das músicas, da humidade, das chuvadas, dos relacionamentos entre as pessoas, dos passeios... já não me calo.
10- E o que menos gostou?
R: Dos fuzilamentos das pessoas chinesas que tentaram passar a fronteira clandestinamente. Das zonas mais pobres, da pouca higiene (tipo esgotos a céu aberto, lixo pelas ruas), crianças mal alimentas, dos cuidados com a segurança, do tipo não andar à noite pelos casinos, no meio dos gangs...

sábado, 15 de maio de 2010

A integração de Hong Kong e Macau

A aproximação da China ao Ocidente favoreceu as negociações para a integração dos dois enclaves que se encontravam, ainda, em mãos europeias: Hong Kong, sob administração britânica desde o século XIX, e Macau, colónia fundada pelos Portugueses em 1557.

Depois de vários anos de negociações, os Ingleses acordaram, em 1984, a transferência da soberania de Hong Kong para a China, a partir de 1 de Julho de 1997. O acordo instituía uma "Região Administrativa Especial", com um elevado grau de autonomia, por um período de 50 anos após a transferência de poderes. Garantiu-se o funcionamento democrático das instituições políticas do território, que inclusive, conservou uma moeda própria, totalmente convertível.

Poucos anos depois, em 1987, celebrou-se um acordo idêntico entre Portugal e a China, com vista à integração de Macau, que ficou marcada para o dia 20 de Dezembro de 1999.

A transferência da soberania de Macau acabou por se fazer de uma forma mais serena que a de Hong Kong, quer por se tratar de um território mais pequeno e menos desenvolvido, quer por, nos dois anos anteriores, se ter comprovado o cumprimento genérico, por parte da China, do acordo estabelecido com os Ingleses.

Com a integração dos dois enclaves encerrou-se, para Portugueses e Britânicos, um longo ciclo de domínio político no Oriente. Manteve-se, no entanto, a ligação afectiva e o intercâmbio frutuoso entre as duas culturas.

Uma nova potência económica?

Nesta entrada do meu blog decidi colocar dois artigos do jornal Diário de Notícias que encontrei. Em vez de aqui citar o manual escolar, acho que se torna mais e interessante ler o que os jornais (pelo menos um português) dizem da situação da China em relação ao mundo:

A China está a modernizar as suas forças armadas a grande velocidade e reforçou a cooperação militar com a Rússia. Esta evolução constitui um desafio aos Estados Unidos e representa um dos maiores problemas de defesa em toda a Ásia.

A emergência do poder militar chinês é um dos aspectos sublinhados no relatório ontem divulgado em Londres sobre o equilíbrio militar no mundo, da autoria do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sua sigla inglesa). O estudo aborda o fenómeno militar não apenas nas suas componentes estatísticas e dimensão de exércitos mas também no que respeita a vertentes financeiras, proliferação nuclear ou terrorismo.

Os autores afirmam, por exemplo, que o Ocidente deve modificar as suas estratégias militares, para poder enfrentar a natureza "assimétrica" dos conflitos contemporâneos. "Após o 11 de Setembro de 2001, os países desenvolvidos continuaram a basear os seus programas militares em cenários de tipo Guerra Fria, nos quais os combates seriam protagonizados por forças convencionais", pode ler-se no relatório. Segundo argumentam os autores, esta doutrina permitiu esmagar o exército iraquiano, mas tem fracassado no ambiente da ocupação do Iraque.

(...)

Sobre a Europa, o relatório do IISS sublinha as dificuldades que a administração internacional enfrenta no Kosovo, onde parece improvável que a sua estratégia venha a funcionar. Os albaneses do Kosovo continuam a maltratar a minoria sérvia e tornou-se claro que a província não será devolvida à Sérvia. Além disso, o ambiente económico é bastante mau.

Mas o maior conflito internacional, a prazo, poderá ser entre os países ocidentais e a China. As reformas militares chinesas têm um elevado grau de prioridade para Pequim, nomeadamente a obtenção de tecnologia que permita isolar Taiwan. Os peritos do IISS referem os testes de novos mísseis com alcance de oito mil quilómetros e mencionam o desenvolvimento de um sistema antimíssil "inteligente" que poderá dar à China uma vantagem inédita sobre os Estados Unidos e o Japão.

(26 de Outubro de 2005)
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Quando Deng Xiaoping teorizou que não interessava a cor do gato desde que soubesse caçar ratos, abriu as portas do capitalismo aos chineses, mesmo que formalmente o país se mantivesse comunista. O resultado, passadas quase três décadas, é uma República Popular da China cada vez mais rica, que no final deste ano se tornará a quarta potência económica mundial. Mais ricos, só mesmo os Estados Unidos, o Japão e a Alemanha, os três países dominantes da economia internacional no último meio século. Mas ao ritmo que a China promete continuar a crescer, é mera questão de tempo até entrar no pódio. Algumas previsões apontam mesmo para a sua chegada ao topo em 2050, ultrapassando finalmente os Estados Unidos. Será algo histórico, o fim de mais de um século de domínio americano sobre a economia mundial.
(...)
A liderança chinesa - hoje tecnocratas apenas em teoria comunistas - sabe que o país está condenado a ser a primeira potência económica, dada a riqueza do seu território e os 1300 milhões de habitantes. Basta haver boa governação. Afinal, muitos historiadores calculam que até à Revolução Industrial no Ocidente, no século XVIII, a China terá sido sempre o mais rico país do mundo. Está na ordem das coisas - e também porque a sua população esmagadora, além de educada, vai buscar ao confucionismo uma ética do trabalho.
Mas se a China é hoje um país rico, os chineses continuam relativamente pobres. O rendimento per capita cifra-se ainda em 1700 dólares (107º lugar mundial), o que significa que em termos médios um chinês ganha por ano 20 vezes menos que o que ganha um americano. E na imensa China, o fosso de riqueza entre o litoral e as zonas rurais do interior não cessa de crescer. O que significa que os herdeiros de Deng estão ainda longe de poderem gritar vitória. O célebre gato de cor indefinida vai ter de continuar a caçar. Bem e por muitos e muitos anos.
(25 de Dezembro de 2005)


Fig.1 - Capa de revista.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Reflexão


Na passada aula de História, dia 30 de Abril, estivemos a debater um assunto pelo qual me interesso muito. Após falarmos sobre hegemonia polítco-militar dos Estados Unidos, começámos a referir-nos ao actual presidente norte-americano, Barack Obama. Quem introduziu o tema foi, se não me engano, alguém que se indignou acerca do abuso de poder e os jogos políticos que levam a desastres como o de 11 de Setembro. A morte de várias pessoas inocentes em prol de mais um poço de petróleo ou de mais um pedaço de território. Já não é a primeira vez que me choco com acontecimentos destes e ainda me admiro como é que ainda consigo conservar ingenuidade suficiente para me espantar com certas ocorrências políticas que se passam em meu redor. A guerra do Vietname, aquando do decorrer da Guerra Fria, foi o exemplo perfeito de sacrifícios humanos com o intuito de alguém dominar mais território e ter, consequentemente, mais dinheiro.

Ora, este começo de conversa levou-nos à presidência de Barack Obama. Falámos de que recentemente enviou mais tropas para o Afeganistão; de que foi eleito para limpar determinadas acções que o resto do Mundo começou a ver com maus olhos; de que é pressionado por outras pessoas com interesses; de que está a perder apoiantes, já que alguns apenas votaram para ajudar a limpar a dita imagem americana; entre outras opiniões.
Eu recuso-me a acreditar em certas coisas que se dizem de Obama... Ou melhor, recuso não, porque se calhar é uma palavra muito forte. Eu tento não acreditar em determinadas coisas que se dizem por aí. Este presidente americano representa, para mim, demasiados factores que não devem ser ignorados. É um símbolo de inspiração e um exemplo que eu procurava há algum tempo. Representa a concretização de muitos sonhos e objectivos e luta pelos interesses de muitas pessoas que são desfavorecidas hoje em dia. Tem um carácter muito humano e (embora pareça errado dizer isto) discursa sempre muito bem e diz as palavras certas e verdadeiras, e não apenas as que muitos querem ouvir. Já fez coisas boas pelos americanos e não se fechou ao resto do mundo como tantos diziam que faria! Na minha opinião, Barack Obama está no caminho certo. Ainda não fez muita coisa, mas por alguma razão isso é.



No debate em aula, surgiu ainda a dúvida que se encontra cada vez mais em muitas cabeçinhas: como é que se podem acabar com os interesses por trás deste tipo de personalidades? Não sei responder a esta questão, oxalá soubesse. Mas é para isso que nos cultivamos, é para isso que estudamos, para combater este tipo de acções e a ignorância que leva muita gente a dizer que o presidente americano é socialista, marxista, totalitarista e parecido com Hitler porque fala muito bem ...


Nunca ouviram a expressão Money makes the world go around...?


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Aqui ficam alguns links para ouvirem Barack Obama a discursar em duas situações diferentes:





A hegemonia político-militar dos Estados Unidos da América

No início dos anos 90, o fim da Guerra Fria trouxe ao mundo a esperança de uma época nova, de paz e cooperação entre nações. George Bush (pai) tomou a voz dessa esperança, defendendo a criação de uma "nova ordem mundial" orientada pelos valores que, em 1945, tinham feito nascer a ONU. Ao invocar-se esta ordem, as Nações Unidas aprovam uma operação militar multinacional com o fim de promover a autodeterminação do Kuwait, pequeno país petrolífero do Golfo Pérsico, invadido, em Agosto de 1990, pelo Iraque.


Fig.1 - Localização do Iraque e do Kuwait.


A libertação do Kuwait - conhecida como Gerra do Golfo - iniciou-se em Janeiro de 1991 e exibiu a superioridade militar dos Estados Unidas perante o mundo que assistia à situação em directo nas televisões. O exército irquiano não conseguiu resistir às sofisticadas tecnologias de guerra americanas.


Este primeiro conflito logo após o fim da Guerra Fria inaugurou a época da hegemonia mundial americana. Já que a URSS, o Japão e a União Europeia não detinham condições para se opôr aos EUA, estes não encontraram rivais de vulto na cena político-militar. Única superpotência, os EUA têm sido considerados, na última década, os "polícias do Mundo", em virtude do papel preponderante e activo que têm desempenhado na geopolítica do Globo. Deste forma:


  • multiplicaram a imposição de sanções económicas (interdição de venda de produtos tecnológicos, alimentares, ...) como recurso para punir os "infractores", quer se trate da violação de direitos humanos, repressão política, suporte de organizações terroristas ou agressões militares;
  • reforçaram o papel da OTAN, que, com o fim do comunismo na Rússia e a dissolução do Pacto de Varsóvia, teria, à partida, perdido a sua razão de existir. Contrariando a sua vocação defensiva, a OTAN atribuiu a si própria, desde 1991, a função de velar pela segurança de Europa, recorrendo, sempre que necessário, à intervenção militar armada;
  • assumiram um papel militar activo, encabeçando numerosas intervenções armadas pelos motivos mais díspares, desde as causas puramente humanitárias, ao combate ao terrorismo, que motivou a intervenção no Afeganistão, em 2001, ou à destituição de regimes repressivos que, alegadamente, constituem uma ameaça à paz mundial.

Fig.2 - George Bush (pai).

Fig.3 - Goerge W. Bush (filho).

domingo, 25 de abril de 2010

Lech Walesa


Lech Walesa nasceu em Popowo, na Polónia, a 29 de Setembro de 1943. Em 1961, começou a trabalhar como electricista num centro de maquinaria estatal e a 1966 mudou-se para Gdansk, onde trabalhou para o Estaleiro Lenine. Aí, assistiu à repressão de manifestações operárias pela força das armas, o que o levou a começar a lutar pela constituição de sindicatos livres no país.

Em 1980, tornou-se, com efeito, fundador e líder do sindicato Solidariedade, uma organização independente do Partido Comunista. Este movimento não tardou a ter treze milhões de membros e, sendo o único meio legal de exercer a oposição, passou a ser composto por diversas orentações políticas. Quando no congresso do sindicato, realizado no Outono de 1981, se foram começando a fazer ouvir cada vez mais exigências em relação a uma mudança política radical, aumentaram também as tensões com o Governo. A situação agudizou-se de modo dramático, até que por fim, a 13 de Dezembro desse mesmo ano, o Governo decretou a lei marcial, o sindicato foi proibido, cerca de cinco mil apoiantes do Solidariedade foram detidos e as greves terminadas com recurso à violência.
Fig.2 - Lech Walesa festejando.

Já só em 1982, passado quase um ano, é que Walesa foi libertado e a lei marcial suspensa. O Solidariedade, contudo, permaneceu proibido. Apesar de todas as restições, Lech pôde agir de forma mais ou menos livre, com certeza devido à sua popularidade tanto dentro do país como no estrangeiro. Em 1983, com medo que pudessem vir a impedi-lo de regressar à Polónia, decidiu não ir pessoalmente a Estocolmo receber o Prémio Nobel da Paz que lhe havia sido atribuído, enviando em vez disso a sua mulher Danuta, com quem se casara em 1968, que o representou.

Através da introdução de reformas económicas dirigidas à economia de mercado, o Governo polaco tentou trazer a população para o seu lado. No entanto, uma vez que o princípio da condução e direcção centralizada da economia se mantinha, os efeitos dessas medidas não se fizeram sentir.

Em Abril de 1988, depois de terem ocorrido novamente greves e de se exigir a legalização do sindicato Solidariedade, o Governo acedeu em empreender conversações. Voltou a ser autorizada a existência de sindicatos livres, os salários foram aumentados e o sistema político sujeito a reformas. A censura foi abolida e o acesso da oposição aos meios de comunicação social possibilitado. Também a independência da justiça foi reforçada.

As eleições "semi-livres" que haviam sido objecto de negociações nas conversações e que foram realizadas a 4 de Junho de 1989 revelaram-se um importante triunfo para o Solidariedade, que ganhou noventa e nove dos cem lugares possíveis do parlamento, bem como ainda todos os cento e sessenta e um lugares da Câmara Baixa do Parlamento. O primeiro Governo não-comunista, sob a chefia de Tadeusz Mazowiecki, um conselheiro próximo de Walesa e do Solidariedade, veio a transformar o sistema político polaco de modo radical. A Polónia tornou-se um Estado de direito democrático, baseado nos princípios da soberania popular, da divisão de poderes e da independência da justiça.

Em 1990, Lech Walesa foi eleito Presidente da República da Polónia.

Fig.3 - Lech Walesa nos dias de hoje.