domingo, 25 de abril de 2010

Lech Walesa


Lech Walesa nasceu em Popowo, na Polónia, a 29 de Setembro de 1943. Em 1961, começou a trabalhar como electricista num centro de maquinaria estatal e a 1966 mudou-se para Gdansk, onde trabalhou para o Estaleiro Lenine. Aí, assistiu à repressão de manifestações operárias pela força das armas, o que o levou a começar a lutar pela constituição de sindicatos livres no país.

Em 1980, tornou-se, com efeito, fundador e líder do sindicato Solidariedade, uma organização independente do Partido Comunista. Este movimento não tardou a ter treze milhões de membros e, sendo o único meio legal de exercer a oposição, passou a ser composto por diversas orentações políticas. Quando no congresso do sindicato, realizado no Outono de 1981, se foram começando a fazer ouvir cada vez mais exigências em relação a uma mudança política radical, aumentaram também as tensões com o Governo. A situação agudizou-se de modo dramático, até que por fim, a 13 de Dezembro desse mesmo ano, o Governo decretou a lei marcial, o sindicato foi proibido, cerca de cinco mil apoiantes do Solidariedade foram detidos e as greves terminadas com recurso à violência.
Fig.2 - Lech Walesa festejando.

Já só em 1982, passado quase um ano, é que Walesa foi libertado e a lei marcial suspensa. O Solidariedade, contudo, permaneceu proibido. Apesar de todas as restições, Lech pôde agir de forma mais ou menos livre, com certeza devido à sua popularidade tanto dentro do país como no estrangeiro. Em 1983, com medo que pudessem vir a impedi-lo de regressar à Polónia, decidiu não ir pessoalmente a Estocolmo receber o Prémio Nobel da Paz que lhe havia sido atribuído, enviando em vez disso a sua mulher Danuta, com quem se casara em 1968, que o representou.

Através da introdução de reformas económicas dirigidas à economia de mercado, o Governo polaco tentou trazer a população para o seu lado. No entanto, uma vez que o princípio da condução e direcção centralizada da economia se mantinha, os efeitos dessas medidas não se fizeram sentir.

Em Abril de 1988, depois de terem ocorrido novamente greves e de se exigir a legalização do sindicato Solidariedade, o Governo acedeu em empreender conversações. Voltou a ser autorizada a existência de sindicatos livres, os salários foram aumentados e o sistema político sujeito a reformas. A censura foi abolida e o acesso da oposição aos meios de comunicação social possibilitado. Também a independência da justiça foi reforçada.

As eleições "semi-livres" que haviam sido objecto de negociações nas conversações e que foram realizadas a 4 de Junho de 1989 revelaram-se um importante triunfo para o Solidariedade, que ganhou noventa e nove dos cem lugares possíveis do parlamento, bem como ainda todos os cento e sessenta e um lugares da Câmara Baixa do Parlamento. O primeiro Governo não-comunista, sob a chefia de Tadeusz Mazowiecki, um conselheiro próximo de Walesa e do Solidariedade, veio a transformar o sistema político polaco de modo radical. A Polónia tornou-se um Estado de direito democrático, baseado nos princípios da soberania popular, da divisão de poderes e da independência da justiça.

Em 1990, Lech Walesa foi eleito Presidente da República da Polónia.

Fig.3 - Lech Walesa nos dias de hoje.

O colapso do bloco soviético

A intolerância da política soviética e as duras críticas apontadas aos tempos de Brejnev debilitaram a autoridade dos líderes comunistas dos países de Leste. Há muito reprimida, a contestação ao regime imposto por Moscovo alastrou e acumulou, começando a corromper as estruturas do poder. E, ao contrário do que acontecera no passado, a linha dura dos partidos comunistas não pôde contar com a intervenção militar russa, para controlar a situação. Confiante no clima de concórdia que estabelecera com o Ocidente, Gorbatchev passou a olhar as democracias populares como uma responsabilidade pesada, da qual a URSS só ganhava em libertar-se. Isto porque a União Soviética já não possuía meios para sustentar a economia dos seus satélites. Ao concluir que precisava de revitalizar a economia da URSS, Gorbatchev procurou e incentivou a libertação destes países; quanto mais os satélites dependessem da URSS, mais a economia desta ficava debilitada.

Os antigos países-satélites da URSS puderam, finalmente, escolher o seu regime político. No ano de 1989, uma vaga democratizadora varreu o Leste: os partidos comunistas perderam, um após outro, o seu estatuto de "partido único" e, pouco depois, realizaram-se as primeiras eleições livres do pós-guerra.

Neste contexto, a cortina de ferro que , há quatro décadas, separava a Europa, levantou-se: as fronteiras com o Ocidente foram abertas e, em 9 de Novembro, perante um mundo espectante, caiu o Muro de Berlim. Face à queda do Muro e ao colapso dos regimes comunistas, a divisão da Alemanha já não fazia sentido. Após algumas negociações entre os dois estados alemães e os quatro países que ainda detinham direitos de ocupação, a Alemanha reunificou-se. No mês seguinte foi anunciado o fim do Pacto de Varsóvia e, pouco depois, a dissolução do COMECON.




Fig.1 - Queda do Muro de Berlim.

Fig.2 - Queda do Muro de Berlim.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O fim do modelo Soviético e a Era Gorbatchev


25 de Abril sempre!

Nesta entrada irão encontrar imagens da Revolução dos Cravos, de alguns capitães, de músicos e momentos. Coloco também ao vosso dispôr hiperligações para músicas e um filme que vos aconselho a assistir.

Fig. 1 - A revolução nos jornais portugueses.
Fig. 2 - A revolução de 1974.
Fig.3 - Militares com os famosos cravos nas armas.
Fig. 4 - Os tanques na rua.
Fig. 5 e 6 - Capitão Salgueiro Maia.
Fig. 7 e 8 - O povo a sair à rua.
Fig. 9 - O Movimento das Forças Armadas.

Fig. 10 - O Movimento das Forças Armadas.
Fig. 11 - José Afonso, umas das vozes de Abril.
Fig. 12 - Da esquerda para a direita: José Mário Branco, Fausto Bordalo Dias e Sérgio Godinho.

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Para quem quiser ouvir músicas da época da revolução e ver o trailer de um bom filme acerca da revolução, aqui ficam algumas ligações. Se nelas clicarem, conduzir-vos-ão a determinados videos. Nota: as imagens associadas à música podem não estar muito relacionadas com o tema, por isso oiçam só.

Filme: http://www.youtube.com/watch?v=CHEu5tjJxww

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Deixo-vos, ainda, duas letras muito interessantes.

Quatro Quadras Soltas

(...)Ó i ó ai, Nós queremos é justiça Ó i ó ai, E dinheiro para o bife Ó i ó ai, E não esta cóboiada Em que é tudo do sherife.

Música de Sérgio Godinho (excerto).

Os meninos de Amanhã (Elogio do Revolucionário)

Os meninos de amanhã
Vão acordar num mundo novo
Com a estrela da manhã
A iluminar o bem do povo
E nos livros da escola
Ouvirão contar
Quantas lutas se travaram
Pr’à vida mudar.

Os meninos saberão
O amor dos revolucionários
Que lutaram sem descanso
P’ra mudar este fadário
(…) E das bocas saciadas
Ouvirão contar
(…) o pão-pão e o queijo-queijo
Que te anda a faltar.

Há tanta gente virada p’ra trás
Gente que vive
Do menos-mal e do tanto-faz
Mas o amor em que estou a pensar
Anda remando
Contra a maré, a desinquietar.

Música de José Mário Branco.