Amadeo de Souza-Cardoso nasceu a 14 de Novembro de 1887 em Manhufe, próximo de Amarante, e estudou na cidade do Tâmega e na Academina de Belas-Artes de Lisboa. Com apenas 19 anos de idade, em 1906, partiu para Paris com Francis Smith e aí se instalou. Começou a estudar arquitectura, frequentando ateliers, mas acabou por abandonar o curso por estar mais interessado em exercer uma actividade de pintor e caricaturista. Continuou, por isso, atento ao movimento artístico parisiense.
O seu atelier, na Cité Falguière, tornou-se um dos principais locais de reunião dos artistas portugueses então residentes nesta cidade. A partir de 1910, desenvolveu uma forte amizade com Amadeo Modigliani e relacionou-se com Max Jacob, Sonia e Robert Delaunay, entre outros. Todos estes artistas influenciaram a sua técnica ao longo do seu percurso artístico. Assim, a sua obra atravessou quase todos os movimentos estéticos relacionados com a ruptura da arte convencional. Amdeo experimentou muitas correntes, desde o Cubismo à arte abstracta, passando pelo Expressionismo e Futurismo. Incapaz de se fixar a um único modelo, aplicou, por vezes em simultâneo, várias técnicas de experimentação plástica.
Em 1913, Amadeo foi convidado pelo seu amigo Walter Patch a participar na Primeira Exposição de Arte Moderna, no Armory Show de Nova Iorque onde sete dos seus trabalhos são colocados em importantes colecções internacionais. Nesta exposição vendeu três quadros, que hoje pertencem ao Art Institut de Chicago.
Quando rebentou a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Amadeo regressou a Portugal e refugiou-se na casa da família, em Manhufe, com a sua jovem esposa, Lucia Pecetto, que conhecera em Paris. Entre 1915 e 1916, conviveu com o casal Delaunay, que se encontrava instalado em Vila do Conde e deste convívio nascem alguns projectos - exposições em Barcelona, Estocolmo e Oslo. Também se encontrou com Almada Negreiros e o grupo do Orpheu, em Lisboa, onde estabeleceu alguma cumplicidade entre a arte e as letras. Em 1916, expôs individualmente, e pela primeira vez em Portugal, um vasto conjunto de trabalhos.
Nos seus dois últimos anos de vida, concentrou a sua energia criativa nos seus trabalhos e as suas obras finais adquirem uma dimensão objectual, no preenchimento obcessivo do espaço da tela, onde se acumulam diversos materiais, técnicas, estilos e espessuras. A 25 de Outubro de 1918, Amadeo de Souza-Cardoso morreu de pneumónica quando se preparava para voltar a Paris. Tinha 31 anos de idade.