quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Rosa Luxemburgo (1871-1919)


Com o seu assassinato, a Alemanha dos Hohenzollern celebra o último triunfo e a Alemanha nazista, o primeiro.

Isaac Deutscher (escritor e historiador trotskista)


Rosa Luxemburgo nasceu a 5 de Março de 1871 em Zamosc, na Polónia, no seio de uma família judaica. Desde muito jovem mostrou um espírito libertário e aos 13 anos de idade entrou numa escola secundária feminina em Varsóvia, onde concluiu os seus estudos e iniciou a sua militância política no Partido Revolucionário Proletário.

Por defender este tipo de ideais, fugiu para a sUíça em 1889, evitando uma detenção. Por lá permaneceu durante nove anos e frequentou a universidade de Zurique juntamente com outros membros socialistas como Anatoli Lunacharsky e Leo Jogiches, que seria seu marido por mais de quinze anos.
De volta ao seu país natal, Rosa participou na fundação do Partido Socialista Polaco (PSP) em 1892. Dois anos depois, deixou este partido e, em conjunto com Leo Jogiches e Julian Marchlewski, fundou a Social-democracia do Reino da Polónia e criou a revista "Sprawa Robotnicza" ("A Causa Operária"), como reacção ao nacionalismo do Partido Socialista Polaco. De facto, Rosa Luxemburgo defendia que a independência da Polónia apenas seria concretizada através de uma revolução nos impérios da Alemanha, Áustria e Rússia e que o combate ao capitalismo era prioritário em comparação com a independência.

Em 1897, foi uma das primeiras mulheres a terminar o doutoramento em Ciências Políticas. E no mesmo ano casou-se com Gustav Lueck, filho de um amigo alemão, para conquistar a cidadania alemã. Esta união apenas durou cinco anos, tempo mínimo estabelecido pela legislação do país para tal situação. Após tornar-se cidadã, o casal divorciou-se.

Após fixar-se em Berlim, Rosa tornou-se uma figura extremamente importante entre os socialistas europeus, militando no Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD). Dentro do SPD, Rosa Luxemburgo fazia parte de um núcleo de esquerda que ficou conhecido como Liga Spartacus, que originou, juntamente com outros agrupamentos políticos, o Partido Social-Democrata Independente (USPD). Este tinha uma posição política mais radical, mas conservava a organização política do SPD. Ao observarem o desenvolvimento destes dois partidos, Rosa Luxemburgo e a Liga Spartacus saíram do Partido Social-Democrata Independente e, conjuntamente com outros grupos políticos, como a Esquerda de Bremen e os Comunistas Internacionalistas, fundaram o Partido Comunista da Alemanha (KPD), no qual Rosa permaneceu até morrer.

A 9 de Janeiro de 1919, Berlim viu-se perante um estado de sítio, situação caracterizada pela suspensão temporária de direitos e garantias constitucionais. Rosa e outros membros do seu partido começaram a ser perseguidos e a 15 de Janeiro de 1919, foi capturada em conjunto com Karl Liebkmecht e Wilhelm Pieck (dirigentes do Partido Comunista da Alemanha) e foram presos para interrogatório no Adlon Hotel em Berlim. Durante o percurso, Rosa foi morta e atirada a um curso de água.

Em vida, Rosa Luxemburgo foi pioneira tanto na crítica da social-democracia alemã como no bolchevismo russo e tornou-se uma fonte de inspiração para militantes e intelectuais da sua época. Escreveu obras polémicas e defendeu a espontaneidade revolucionária do proletariado, que se manifestava, segundo ela, através de greves e dos conselhos operários (corpos deliberativos, constituídos por operários ou membros da classe trabalhadora que regulam e organizam a produção material de um determinado território, ou mesmo indústria).

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