sábado, 27 de fevereiro de 2010

Os anos 50 e a sociedade de consumo

Com a afirmação dos Estados-Providência, os governos não só assumiram grandes responsabilidades económicas, como delinearam planos de desenvolvimento coerentes, que permitiram, por sua vez, estabelecer prioridades, rentabilizar a ajuda proveniente do Plano Marshall e definir directrizes futuras. Toda esta conjuntura permitiu ao capitalismo emergir das ruínas da Segunda Guerra Mundial e atingir o seu auge.


As economias cresceram de forma contínua, sem períodos de crise e estes cerca de trinta anos de uma prosperidade material sem precedentes ficaram conhecidos como os "Trinta Gloriosos". No âmbito do desenvolvimento que então se verificou, podemos destacar:
  • A aceleração do progresso tecnológico, que atingiu todos os sectores (fibras sintéticas, plásticos, medicina, aeronáutica, electrónica, etc). Rapidamente produzidas em série, as inovações tecnológicas revolucionaram a vida quotidiana e os processos de produção.

  • O recurso ao petróleo como matéria energética por excelência, em detrimento do carvão. A abundância e o baixo preço desta nova fonte de energia alimentaram a prosperidade económica, permitindo uma auntêntica revolução nos transportes.

  • O aumento da concentração industrial e do número de multinacionais, empresas que g«fabricam e comercializam os seus produtos nos quatro cantos do mundo. Presentes em praticamente todos os sectores, esta empresas investem grandes somas na investigação científica, contribuindo para a aceleração do pregresso técnico.

  • O aumento significativo da população activa proporcionado pelo reforço da mão-de-obra feminina no mercado de trabalho, o baby-boom dos anos 40-60 e a imigração de trabalhadores oriundos dos países menos desenvolvidos. Para além de mais numerosa, a mão-de-obra tornou-se também mais qualificada, devido ao prolongamento da escolaridade.

  • A modernização da agricultura, sector onde a produtividade aumenta de tal modo que permite aos países desenvolvidos passarem de importadores a exportadores de produtos alimentares. Este sector foi renovado por grandes investimentos, nova tecnologia e uma mentalidade verdadeiramente empresarial, o que permitiu libertar mão-de-obra em grandes quantidades, que migrou para as zonas urbanas.

  • O crescimento do sector terciário. O surto imenso das trocas comerciais, a aposta no ensino e os serviços sociais prestados pelo Estado, permitiram o alargamento das classes médias e, consequentemente, a subida do nível de vida e o maior equilíbro social.


Fig.1 - Fabrico de Volkswagens nos anos 50.


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Como consequência dos "Trinta gloriosos", ocorreu uma generalização do conforto material. O pleno emprego, os salários altos e a produção maciça de bens a preços acessíveis conduziram à sociedade de consumo, sociedade de abundância identificada pelo consumo em massa de bens supérfluos, que passam a ser encarados como essenciais à vida, e pelo desperdício. Nesta sociedade, o cidadão comum é permanentemente estimulado a depender mais do que o necessário, factor bem orquestrado pela publicidade que criou necessidades que antes as pessoas não sentiam.


Como os gastos na alimentação e em outros bens essenciais deixaram de absorver a quase totalidade dos orçamentos familiares, as casas tornaram-se cómodas e bem equipadas, onde se podia encontrar uma vasta gama de electrodomésticos e um automóvel na garagem ou na rua. As férias pagas vieram acentuar a ideia de que a vida merece ser desfrutada e o dinheiro existe para se gastar.



Fig.2 - Publicidade à Coca-Cola.




Fig.3 - Publicidade a um utensílio de cozinha.

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