sábado, 16 de janeiro de 2010

Obras públicas: a grande fachada do Estado Novo

Após a crise económica iniciada em 1929, Portugal encontrou-se numa situação muito debilitada: desemprego, fome, falta de organização nacional. Assim, a "Lei de Reconstituição Económica" (1930), implementada pelo Estado Novo, impulsionou a política de obras públicas. O objectivo desta política era combater o desemprego originado pela depressão e dotar o país das infra-estruturas necessárias ao desenvolvimento económico.
Com a política de obras públicas, foram muitas as infra-estruturas que se construíram. Construiram e repararam-se estradas que, acompanhando os padrões europeus em qualidade, unificavam o mercado nacional e proporcionava uma maior acessibilidade relativamente aos mercados externos; abriu-se ao tráfego a primeira auto-estrada; edificaram-se pontes (ponte da Arrábida e ponte sobre o Tejo); expandiu-se a rede telegráfica e telefónica; efectuaram-se obras de alargamento e de beneficiação em vários portos (Leixões, Lisboa, Viana do Castelo, Aveiro, Setúbal, Funchal); efectuaram-se algumas obras em aeroportos; construíram-se barragens; e, finalmente, expandiu-se a electrificação do país.
A política de obras públicas tornou-se um dos símbolos orgulhosos da administração salazarista. No entanto, foi muitas vezes considerada uma fachada, pois a mão-de-obra contratada para a construção das novas infra-estruturas foi sobrecarregada com trabalho e explorada excessivamente. Isto acontecia devido à falta de qualificação e de instrução dos trabalhadores e devido ao desemprego, tornando os trabalhadores num alvo fácil de exploração e em mão-de-obra barata e muito disponível. A mão-de-obra era, ainda, reprimida pelas instituições repressivas do Estado.
"(...) O considerável investimento do Estado em infra-estruturas, a partir dos anos 30, constituindo igualmente uma forma de absorção precária do desemprego numa conjuntura económica geral pouco favorável, contribuiu, no entanto, para o nítido pregresso industrial dos anos 50 e 60, embora à custa da exploração férrea de uma mão-de-obra amplamente disponível e disciplinada." (Doc. 64-D, p. 197 do manual escolar).

Fig.1 - António de Oliveira Salazar.


Fig.2 - Ponte 25 de Abril.

1 comentário: