segunda-feira, 22 de março de 2010

O fomento económico nas colónias

Os tempos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial levaram a que António de Oliveira Salazar modificasse a política económica colonial. Enquanto que, até aos anos 40, o Estado Novo desenvolvera um colonialismo típico, baseado na produção de produtos primários e no desencorajamento do desenvolvimento industrial, nas décadas seguintes reforçou-se a colonização branca, os investimentos públicos e privados aumentaram significativamente e verificou-se uma maior abertura ao capital estrangeiro.

A partir de 1953, os investimentos do Estado nas colónias passaram a incluir-se nos Planos de Fomento. Como tal, procedeu-se, em primeiro lugar, à criação de infra-estruturas (caminhos-de-ferro, estradas, pontes, aeroportos, portos, centrais hidroeléctricas), desenvolveram-se os sectores agrícola (sisal - planta utilizada para fins comerciais -, açúcar e café, em Angola; oleaginosas, algodão e açúcar, em Moçambique) e extrativo (diamantes, petróleo e minério de ferro, em Angola), virados para o mercado externo.

Quanto ao sector industrial, as duas colónias apresentaram, nas décadas de 50 e 60, um crecimento acentuado, promovido:

  • pela progressiva liberalização da iniciativa privada;

  • pela expansão do mercado interno (devido ao afluxo de colonos brancos);

  • pelo reforço dos investimentos nacionais e estrangeiros.
Ao contrário do que se possa pensar, o fomento económico das colónias recebeu um forte impulso após o início da guerra colonial. O deflagrar do conflito não só coincidiu com a época de maior dinamismo da economia portuguesa como veio reforçar a necessidade de uma presença nacional mais forte, que legitimasse, aos olhos do resto do mundo, a posse dos territórios do Ultramar.


Fig.1 - soldado na guerra colonial.

A ideia de comunicação entre a metrópole e as colónias foi reforçada, em 1961, com a criação do Espaço Económico Português (EEP), que estimava, no período de 10 anos, a constituição de uma área económica unificada, sem quaisquer entraves alfandegários. No entanto, a subordinação das economias ultramarinas aos interesses de Portugal, bem como os diferentes graus de desenvolvimento dos territórios coloniais, acabaram por inviabilizar a efectivação deste "mercado único". O projecto do EEP foi, assim, um fracasso, não passando que mais uma maneira de submeter Angola e Moçambique ao poder do Estado Novo, numa tentativa de conservar o tão antigo Império Português que agora, mais que nunca, já não se justificava.


Fig.2 - Antiga exploração colonial em África.

Sem comentários:

Enviar um comentário