sábado, 29 de maio de 2010

Uma aventura em Macau

Não tenho escrito nada aqui, no blog, porque estava à espera de um documento que acho interessante colocar aqui. Esse documento chegou hoje; trata-se de uma entrevista que fiz a uma amiga dos meus pais que viveu em Macau durante o período de administração portuguesa lá. Espero que dê aos leitores uma melhor perspectiva de como se vivia naquele país por essa altura e que imaginem a vida desta senhora no outro lado do mundo!
(Nota: a entrevista permanecerá anónima por respeito á entrevistada e à sua família).
Entrevista
1- Quando e durante quanto tempo viveu em Macau?
R: Vivi em Macau desde Setembro de 1992 a Março de 1993.
2- O que a fez mudar para Macau?
R: O marido teve uma comissão de serviço, eu pedi um ano de licença sem vencimento, juntámos o filhote João com 4 anos e partimos à aventura!
3- Gostou de lá morar?
R: Muito. Foi uma mudança radical. Morámos 15 dias no Hotel Royal, depois mudámos para uma casa com uma vista linda oara o reservatório de água potável, tipo um grande lago, junto ao rio das Pérolas.
4- Habituou-se depressa ao país?
R: Sim. Após 15 dias estava a trabalhar, a ensinar na Escola Portuguesa, o filhote no infantário e o marido a trabalhar na Companhia Electricidade de Macau, todos a conviver com portugueses, macaenses, chineses e outros. Reencontrámos um primo, uma colega de faculdade e fizemos amigos que ainda hoje conservamos.
5- Sabia falar chinês?
R: Sei contar até 20! E dizer duas ou três frases. Falávamos português ou inglês. Chinês só por gestos!
6- (Se não) Era difícil andar na rua sem saber falar a língua?
R: Não. Existiam locais (a escola, o infantário, alguns restaurantes, cafés, livrarias, discotecas, hospital, algumas lojas, insituições públicas, locais históricos - mais os muses) onde só se falava português, nos restantes locais (tipo supermercado, autocarro, muitas lojas, mercados, templos e jardins) falava-se chinês "gestual" misturado com inglês e por aí...
7- Os seus filhos andavam em escolas portuguesas?
R: Sim, o ensino era português, mas frequentado por meninos macaenses (filhos de portugueses e chineses), portugueses e alguns "chineses de Macau", filhos de chineses a estudar em Macau, em português.
8- (Sem sim) E gostavam?
R: Sim. Tinha 4 anos e fez lá 5 anos com uma grande festa luso-chinesa. Ou seja, com o Monstro das Bolachas, o Egas, o Becas (Rua Sésamo) e danças de dragões e leões! Só não gostava de algumas sopas!
9- O que mais gostou da sua permanência em Macau?
R: As diferenças! Os diferentes hábitos, cheiros, cores, sabores, sons e fisionomias. Da vegetação, do mar, do céu, da Lua, das pessoas, dos edifícios, das músicas, da humidade, das chuvadas, dos relacionamentos entre as pessoas, dos passeios... já não me calo.
10- E o que menos gostou?
R: Dos fuzilamentos das pessoas chinesas que tentaram passar a fronteira clandestinamente. Das zonas mais pobres, da pouca higiene (tipo esgotos a céu aberto, lixo pelas ruas), crianças mal alimentas, dos cuidados com a segurança, do tipo não andar à noite pelos casinos, no meio dos gangs...

Sem comentários:

Enviar um comentário