Nesta entrada do meu blog decidi colocar dois artigos do jornal Diário de Notícias que encontrei. Em vez de aqui citar o manual escolar, acho que se torna mais e interessante ler o que os jornais (pelo menos um português) dizem da situação da China em relação ao mundo:
A China está a modernizar as suas forças armadas a grande velocidade e reforçou a cooperação militar com a Rússia. Esta evolução constitui um desafio aos Estados Unidos e representa um dos maiores problemas de defesa em toda a Ásia.
A emergência do poder militar chinês é um dos aspectos sublinhados no relatório ontem divulgado em Londres sobre o equilíbrio militar no mundo, da autoria do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sua sigla inglesa). O estudo aborda o fenómeno militar não apenas nas suas componentes estatísticas e dimensão de exércitos mas também no que respeita a vertentes financeiras, proliferação nuclear ou terrorismo.
Os autores afirmam, por exemplo, que o Ocidente deve modificar as suas estratégias militares, para poder enfrentar a natureza "assimétrica" dos conflitos contemporâneos. "Após o 11 de Setembro de 2001, os países desenvolvidos continuaram a basear os seus programas militares em cenários de tipo Guerra Fria, nos quais os combates seriam protagonizados por forças convencionais", pode ler-se no relatório. Segundo argumentam os autores, esta doutrina permitiu esmagar o exército iraquiano, mas tem fracassado no ambiente da ocupação do Iraque.
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Sobre a Europa, o relatório do IISS sublinha as dificuldades que a administração internacional enfrenta no Kosovo, onde parece improvável que a sua estratégia venha a funcionar. Os albaneses do Kosovo continuam a maltratar a minoria sérvia e tornou-se claro que a província não será devolvida à Sérvia. Além disso, o ambiente económico é bastante mau.
Mas o maior conflito internacional, a prazo, poderá ser entre os países ocidentais e a China. As reformas militares chinesas têm um elevado grau de prioridade para Pequim, nomeadamente a obtenção de tecnologia que permita isolar Taiwan. Os peritos do IISS referem os testes de novos mísseis com alcance de oito mil quilómetros e mencionam o desenvolvimento de um sistema antimíssil "inteligente" que poderá dar à China uma vantagem inédita sobre os Estados Unidos e o Japão.
(26 de Outubro de 2005)
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Quando Deng Xiaoping teorizou que não interessava a cor do gato desde que soubesse caçar ratos, abriu as portas do capitalismo aos chineses, mesmo que formalmente o país se mantivesse comunista. O resultado, passadas quase três décadas, é uma República Popular da China cada vez mais rica, que no final deste ano se tornará a quarta potência económica mundial. Mais ricos, só mesmo os Estados Unidos, o Japão e a Alemanha, os três países dominantes da economia internacional no último meio século. Mas ao ritmo que a China promete continuar a crescer, é mera questão de tempo até entrar no pódio. Algumas previsões apontam mesmo para a sua chegada ao topo em 2050, ultrapassando finalmente os Estados Unidos. Será algo histórico, o fim de mais de um século de domínio americano sobre a economia mundial.
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A liderança chinesa - hoje tecnocratas apenas em teoria comunistas - sabe que o país está condenado a ser a primeira potência económica, dada a riqueza do seu território e os 1300 milhões de habitantes. Basta haver boa governação. Afinal, muitos historiadores calculam que até à Revolução Industrial no Ocidente, no século XVIII, a China terá sido sempre o mais rico país do mundo. Está na ordem das coisas - e também porque a sua população esmagadora, além de educada, vai buscar ao confucionismo uma ética do trabalho.
Mas se a China é hoje um país rico, os chineses continuam relativamente pobres. O rendimento per capita cifra-se ainda em 1700 dólares (107º lugar mundial), o que significa que em termos médios um chinês ganha por ano 20 vezes menos que o que ganha um americano. E na imensa China, o fosso de riqueza entre o litoral e as zonas rurais do interior não cessa de crescer. O que significa que os herdeiros de Deng estão ainda longe de poderem gritar vitória. O célebre gato de cor indefinida vai ter de continuar a caçar. Bem e por muitos e muitos anos.
(25 de Dezembro de 2005)
Fig.1 - Capa de revista.
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